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O amor de uma submissa!


Muito se fala sobre as linguagens do amor, mas nunca sob a perspectiva de uma submissa, então decidi fazê-lo. As cinco linguagens já conhecidas e pautadas pelo autor Gary Chapman são: palavras de afirmação, presentes, tempo de qualidade, atos de serviço e contato físico. Isto posto, ao longo desse texto, apresento comentários sobre três dessas linguagens e acrescento uma extra, pensada por mim. Sei que não posso falar por todas as submissas, mas posso trazer um pouco da minha visão pessoal.


No contexto de uma relação de poder baseada na DS (Dominação e Submissão) respeitar a hierarquia é fundamental, tanto para a manter a chama acesa quanto para que as pessoas envolvidas alimentem sua própria natureza, seja ela dominante ou não. Entre os papeis existentes no BDSM me reconheço e identifico como bottom/sub e me adaptei a ver o mundo dessa forma, achando-o bem mais atraente assim do que no modo tradicional.


Assim como existem relações comuns, as consideradas “baunilhas”, há também as pautadas nesse jogo de poder trazido pelo BDSM, tornando possível que duas ou mais pessoas se relacionem entre si com posições e papeis pré-estabelecidos, desde que haja cumplicidade e reciprocidade. É a partir desse cenário que trago uma reflexão acerca das linguagens do amor, sob uma ótica e perspectiva diferentes.


De início temos as “Palavras de afirmação” como a linguagem que se utiliza das palavras para expressar afeto e admiração ao parceiro, com elogios por exemplo. Como submissa afirmo que o elogio é mais do que importante, não só no sentido de recebê-los do Dom mas de fazê-los também, às vezes o faço até de modo exagerado, como se estivesse a endeusar o Dominante; outra forma de usar as palavras de afirmação numa relação D/S seria sempre chamar a outra parte daquilo que ela simboliza, chamá-la por Dom, Dono ou Daddy/Papai, entre outros nomes ao invés do nome real.


A segunda linguagem de amor que citarei é autoexplicativa: “Presentes”. Como submissa que se compraz em exaltar a parte dominante adoro presentear, dar chocolates e mimos em geral, mas acredito que o presente não é só algo que, literalmente, se dê a outra pessoa. Se o Dom é fetichista e gosta de salto alto, exemplificando, e sua sub compra saltos novos é como se fosse um presente para ele também! Se a sub compra um acessório e nele tem alguma referência ao seu Dono isso também é um presente para ele. Se a sub compra uma roupa que seu Dono ache sensual, ou se produz de uma forma que o atraia mais, isso também é um presente para ele.


Uma terceira linguagem de amor listada por Gary Chapman é o “Contato físico”, que conta com carícias, abraços, mãos dadas e tudo mais o que nossa imaginação permita fantasiar. No tocante ao contato sexual uma submissa não se excita necessariamente com o sexo, mas com toda a atmosfera que vem antes dele. O prazer em submeter-se não se concentra na penetração, é algo que vai além disso e simples toques ou brincadeiras eróticas podem provocar prazeres inenarráveis. A excitação surge da subordinação e da obediência para só depois desaguar na excitação do contato físico.



Com todas as minhas vivências pude perceber que ser posse e, principalmente, sentir-se posse traz sensações de completude e orgulho para a pessoa dominada. Saber disso me fez pensar numa quarta linguagem, não encontrada nos livros, mas que faz toda a diferença: “Manifestação material”. Essa linguagem evoca reações materiais para aquilo que é imaterial: o sentimento, é sobre tornar visível o invisível.


Como exemplo da Manifestação material aponto que o uso constante de coleiras, colares, anéis e acessórios relacionados ao Dominante configura uma maneira da submissa mostrar/lembrar ao mundo e a si mesma que tem alguém. Ah! Mas será que mostrar ao mundo realmente importa? A resposta é variável, depende do quanto a alegria em expressar seu sentimento é forte dentro dela. Ademais, essa manifestação serve também como forma de respeitar a hierarquia, além de cooperar na tomada de decisão, visto que a todo momento a sub estará vendo sinais do seu Dono em si mesma e lembrará mais facilmente de quais atitudes ele gostaria que tivesse.


A submissa é uma mulher que traz docilidade dentro de si e um enorme desejo por cumprir o que sua natureza pede; quando tem suas linguagens de amor respeitadas e compreendidas é claramente mais feliz e melhor capacitada para servir ao Dono. Em contrapartida, quando não tem suas linguagens de amor respeitadas pode perder o encanto pela relação e o desejo por cumprir a hierarquia.


“A verdadeira escravidão de uma submissa é a própria liberdade,

sou livre quando presa a quem me domina.”

 

 
 
 

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