Quando o sexo começa?

Quando o sexo começa? Por meio do senso comum poderia responder que começa na cama, mas prefiro influir que essa é uma perspectiva muito rasa e simplista. Ora, não sejamos tão óbvios!

O sexo não se faz a si mesmo durante sua execução, e sim começa a acontecer muito antes, dadas as suas diversas circunstâncias. Numa relação a dois, por exemplo, em que ambos estejam num relacionamento e na mesma casa, o sexo começaria com os pequenos gestos do cotidiano desde a manhã: um quê de lavar os pratos sem esperar que o outro o faça, a demonstração de carinho e respeito, o bom dia dado sem hesitar, uma lembrancinha ou elogio sem que se esteja numa data especial. Esses gestos criam uma atmosfera propícia para o sexo, e a falta deles o dificulta ainda mais.

É comum que, ainda com os percalços da relação, o homem continue a sentir desejo por sua parceira, porém esse interesse não costuma ser tão comum para as mulheres. Com o passar do tempo e a constante falta de estímulos a libido feminina diminui consideravelmente e o desejo pelo parceiro torna-se reduzido. Isso ocorre porque homens e mulheres funcionam de modos diferentes no tocante à sexo.

Costumo dizer que o homem é como um fogão a gás e a mulher como um forno a lenha, pois têm ritmos diferentes ainda que estejam na mesma frequência. Por conta disso, faz-se necessária certa sensibilidade antes dos finalmentes. É necessário o questionamento: será que meu parceiro(a) já está confortável para algo mais intenso, um toque, uma aproximação? Ou será que preciso trabalhar mais um pouco nisto?

É possível transpassar essa mesma linha de raciocínio, salvo algumas adaptações, para os encontros com acompanhantes. Num prisma pessoal, por exemplo, considero difícil criar uma boa atmosfera para o sexo em cinco minutos, ou seja, tenho preferência por clientes que chegam tranquilos, calmos e abertos a uma conversa inicial antes de um envolvimento maior. Uma chegada brusca pode causar estresse, estranheza e distanciamento, diminuindo a probabilidade de êxito do encontro.

Geralmente, quando passo por um atendimento frustrante, isso acontece pelos mesmos motivos e vou elencar a seguir aqueles que têm relação direta com o início do encontro. Desta maneira pretendo provar o quanto um início de date ruim pode prejudicar o sexo logo em seguida.

Bem, como disse anteriormente, o diálogo inicial é uma importante ferramenta para tornar a relação mais natural. Monólogos nessa situação (quando só uma pessoa quer interagir) costumam ser desconfortáveis, ou seja, o mesmo silêncio que traz paz em tantos momentos do cotidiano, no instante errado, torna-se perturbador. Por esse motivo dou início a variados assuntos, brinco e busco me divertir desde o começo; é uma pena quando o parceiro não corresponde (ou não quer corresponder) com a conversação, e esse ponto específico reflete nos dois primeiros motivos da reunião presencial não fluir bem:

➜ Cliente não responde ou sequer sorri enquanto a garota tenta conversar. Sei que a timidez pode ser a causa e é compreensível, mas nem todos que agem assim são tímidos. Quando não há esforço de ambas as partes no bate-papo e me vejo falando sozinha, sinto que preciso começar a “parte sexual” do encontro mais cedo que o esperado. Quando isso ocorre já começa mal e, por vezes, prefiro dar um jeito de encerrar o encontro.

➜ Cliente que mal consegue se sentar e agir tranquilamente por dois minutos e já vai passando a mão ou olhando com muita malícia, denotando total desinteresse em ser uma pessoa bacana e preferindo agir como um tarado louco pra achar um buraco urgentemente. Não sou carente de diálogo e nem necessito dele para ficar molhada, mas sei bem que homem afoito não costuma ter tato com mulheres e não se importa em ouvi-las, fazem o que vem na mente sem se importar com a parceira (afirmo isso com conhecimento de causa). Eu gosto de me sentir usada no sexo, é uma fantasia, mas não quer dizer que quero ser tratada com uma boneca inflável como se realmente fosse, pois além disso ser brochante denota também desumanização e misoginia.

Os quesitos apresentados até aqui são mais toleráveis que os próximos e admito que mesmo sem um diálogo engajado no começo, se o cliente souber ser comunicativo durante o sexo (gemer, falar que está bom, etc) o jogo pode virar e o encontro se tornar naturalmente excitante, como já aconteceu inúmeras vezes. O problema surge quando, em conjunto com os quesitos citados surgem outros menos toleráveis, que são:

➜ Cliente querer uma reunião estilo hard sem começar devagar, achando erroneamente que está tudo bem chegar e apertar a garota com força ainda nos primeiros minutos ou dar tapas sem avisar ou sem que ela tenha pedido, o que considero imperdoável. É preciso um escalonamento, afinal estaremos num encontro comum e não nos trigésimos minutos de um pornô. Inclusive, se até no pornô existem preparações antes das cenas porque num encontro com uma acompanhante a chegada e o sexo deveriam ser ainda mais rápidos e bruscos? Não faz sentido e, infelizmente, alguns dos clientes que pedi para se retirarem do meu local seguiram esse péssimo protocolo.

Alguns já chegarem apertando muito forte, sem cuidado algum, segurando meu rosto e minhas bochechas como se dominação fosse algo que se conquistasse em segundos. Com um deles me virei pra mostrar o corpo de costas e levei um tapa tão forte na bunda que perdi até o rumo. Juntando a isso, esse mesmo rapaz tomou banho e mal se enxugou, saiu molhando meu banheiro todo e meu quarto, ainda molhado me puxou pra ponta da cama, pediu para que eu me empinasse de quatro, cuspiu bastante no meu cu de uma só vez melecando tudo e logo após lambeu como se tivesse saído de calabouço onde não via mulher por vinte anos. Durante todo o tempo pensei em como tirá-lo de perto e finalmente abri o jogo e disse que não daria mais, expliquei, resolvemos e ele foi embora.

➜ Cliente alegar que está limpo e não precisa tomar banho: essa pode até acontecer às vezes, mas costumo conseguir vencer a “quebra de braço”. Em particular, não gosto de ir pra cama com pessoas que estão com o corpo quente da rua e na minha visão o sexo pede pele fresca, cheirosa e um pouco mais fria, sem aquele calor do sol entranhado nos poros. Sei que muitos gostam da selvageria de chegar e partir pra cima com aquele super tesão, mas tesão não é sabonete natural nem hidratante e não dá cheiro bom na parte íntima de ninguém, concordam? Imagine estar com toda aquela vontade, chegar lá embaixo e o xixi que a pessoa fez mais cedo está com o cheiro grudado? Será que ainda vai existir tesão? Tenho minhas dúvidas.

Já passei por situações em que, para evitar um constrangimento maior por parte da outra pessoa, finalizei/cancelei a reunião por motivos falsos e só revelei a verdade depois por WhatsApp. É muito vergonhoso dizer para alguém que se está com mau cheiro, principalmente quando se trata de homens tímidos. Prefiro evitar o confronto e só mandar a real se a pessoa me chamar para marcar novamente.

O problema da higiene é que todos se acham limpos, ninguém se acha sujo ou se questiona sobre isso. O certo é lavar a parte íntima ao acordar, antes do encontro e na chegada do encontro: isso evitaria muitos problemas dessa vertente. Assim que acordo, antes mesmo de escovar os dentes lavo direitinho minhas partes íntimas nos lugares onde sei que o cheiro natural se instala mais forte e lavo novamente quando vou tomar banho pra valer mesmo, ou seja, dou meu máximo nesse aspecto e é frustrante encontrar pessoas que se acham limpas e cheirosas e na verdade não são.

Por fim, retomando a pergunta inicial desse texto e considerando tudo o que foi dito, é verossímil afirmar que existem diversas ferramentas a serem naturalmente utilizadas na criação de uma atmosfera interessante para o momento a dois (ou a três, a quatro etc.). O sexo se inicia antes mesmo da cama, dos toques íntimos e da própria relação sexual. Inicia-se na demonstração de interesse, no diálogo (ainda que breve), nos cuidados básicos e no bom senso. Trazendo uma analogia ao tema, posso dizer que os primeiros momentos de um encontro funcionam como a primeira linha de uma redação: ainda que pareça inicialmente vaga é essencial para a compreensão de todo o texto. Concordam? 😊